A Comunidade Nossa Senhora Aparecida, firmemente enraizada na tradição católica, destaca‑se pela busca de uma evangelização dinâmica, articulando fé e cidadania. Com origem como uma Comunidade Eclesial de Base (CEB), ela nasceu entre moradores em situação precária, inicialmente organizados dentro de casas simples, com ares de posseiros, que aos poucos se integram a moradores da região do Cingapura Piqueri.
Tudo começou com o padre Leo Muitjens, então pároco da matriz, que incentivou celebrações e rezas do terço nos quintais de vizinhos em torno da capela, apoiado por fiéis como Ana Czeslik, Dorotéia Coelho e Catarina Chaparim. Conforme a comunidade crescia, as missas passaram a ser realizadas ao ar livre, em meio à praça pouco urbanizada, barulhenta pela Marginal Tietê. Apesar das condições adversas — mato, buracos e ruído —, especialmente entre as crianças, a possibilidade de encontro com Deus e a vida comunitária atraiu cada vez mais pessoas.
Com a chegada de novos párocos, como o Pe. Genésio e, logo depois, o Pe. Roberto Carlos (Pe. Beto), a comunidade ganhou novos impulsos. Em 1996, o morador “Zezão” ofereceu sua garagem para as atividades religiosas, oportunidade que o padre Beto aproveitou para celebrar missa uma vez por mês e autorizar celebrações da Palavra nos demais finais de semana. Em fevereiro de 1997, consolidou-se o uso do espaço, ampliando a estrutura comunitária.
Em 2000, a viúva Silvana decidiu vender um imóvel usado como espaço comunitário, o que levou o Pe. Edmilson a providenciar um empréstimo para aquisição, demonstrando seu apoio efetivo. No mesmo ano, foi implantada a Pastoral da Criança, com o incentivo da Irmã Carmem e orientação do bispo Dom Angélico: os dados apontavam grande procura por parte das famílias. Logo oito líderes atuavam, promovendo atividades mensais com Celebração da Vida: balanças, palestras sobre cuidados infantis, brincadeiras e lanches. A Pastoral ofereceu suporte nutricional — com a “multimistura” — e ensinamentos sobre higiene, alimentação saudável e acompanhamento pré-natal às gestantes, sempre com foco no versículo João 10,10: “vida em abundância”.
A comunidade investiu fortemente na formação religiosa, com catequese ativa para crianças, jovens e adultos. Os encontros semanais aumentaram em alegria e criatividade: eram marcados por brincadeiras, teatro, música, danças e reflexões bíblicas. Nas festividades natalinas, distribuíam-se sacolinhas de presentes, celebrando com espírito de partilha. Já sob a administração de Claudimilton e Camila, houve reforma no piso e pintura da capela, melhorando o ambiente litúrgico.
Em 2003, o Pe. Leo, já retornado à Holanda, obteve uma doação que permitiu erguer um salão adicional sobre a segunda laje da capela. Em seguida, uma doadora presenteou a comunidade com cem cadeiras, usadas no salão e na capela. A Comunidade Mãe Rainha contribuiu com a mesa do altar, completada por uma mesa da Palavra e uma credência. Também ganharam uma imagem significativa de Nossa Senhora Aparecida, doada por Milton e Lourdes, exposta no segundo andar da capela, com janela voltada à rua.
Sob a administração de Carlos Ventulac, foram realizadas reformas nas paredes interna e externamente, além de ajustes no presbitério — foi instalado ali o sacrário à esquerda e a imagem de Nossa Senhora Aparecida à direita.
Atualmente, a comunidade segue ativa, organizando suas atividades sob a administração pastoral do ministro Leonardo e do vigário Pe. Rangel, com o apoio contínuo da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Através de celebrações litúrgicas, projetos sociais, formações, ações de caridade e integração comunitária, a Comunidade Nossa Senhora Aparecida continua sendo um farol de esperança e renovação na Vila Ursulina.